Élio R. Anderson
GRATIDÃO A Deus por sua misericórdia e amor À Betinha, esposa amada Eles têm me ajudado a prosseguir a cada dia Aos meus irmãos Estes derramaram muitas lágrimas por mim, e eu me aproveito deste espaço para um pedido de perdão e para o meu sincero agradecimento. Vocês sempre foram, e são, pessoas maravilhosas. À família da minha esposa que também é minha família. Aos intercessores e a todos os contribuintes do Esquadrão da Vida, ferramenta usada por Deus para minha recuperação e salvação. A todas as demais pessoas que me ajudaram a levantar e a permanecer em pé. Não vou tentar citá-las, senão esta seria a seção mais longa deste livreto. Deus sabe como sou grato a cada um.
Meu objetivo era escrever um pequeno depoimento para publicar na página do ESQUADRÃO DA VIDA de Marília, mas o assunto foi se esticando e acabou neste livreto. Deus tem feito tantas coisas boas em minha vida e eu tenho vivenciado tantos milagres que não poderia deixar de escrever, mesmo resumidamente. Sou grato por todos aqueles que estiveram comigo naquela época, dentre os quais há muitos vitoriosos, que hoje são pessoas confiáveis, fazendo diferença onde se encontram. Alguns se perderam no caminho, por colocar as vantagens e glória pessoal em primeiro plano, demonstrando não serem dignos de confiança, mas de pena. Desejo que se arrependam e se acertem, pois já não podem alegar inocência. Evitei citar nomes, a não ser daqueles que participaram pastoralmente da minha recuperação. Desejo honrá-los. Tenho esperança de que a leitura deste desperte novo ânimo em todos aqueles que estão pensando em desistir, sejam dependentes, seus familiares e todos aqueles que se encontram acorrentados por outros motivos. Deus pode e quer fazer o melhor por você. A Deus, toda a honra, toda a glória, todo o louvor, para sempre. Novembro/2007
— MUITO PRAZER! Meu nome é Elio... E esta é a minha história:
Mamava tudo o que podia, comia tudo o que me serviam. Sopinhas, pães de todos os tipos, bolos e bolachas, frutas, legumes, cereais... O que viesse era comigo, e assim eu fui crescendo. Já fui o menino mais inteligente da classe (uma vez a professora disse isso. Talvez tenha sido só para me agradar, mas ela disse!). Nasci no bairro da Penha, em São Paulo, em Julho de 1950. Em Maio de 1952 mudamos para a casa que meu pai construiu, na qual ainda hoje mora a minha irmã. Região
suburbana, deliciosa para se passar a infância. Praticamente não existia criminalidade. Os vizinhos eram amigos e as crianças obedeciam a seus pais e aos pais de seus amiguinhos. Professor era autoridade para as crianças e era respeitado por todos, adultos e crianças. Na porta de cada escola, e eu estudava na EEPG Barão de Ramalho, ficava um guarda-civil, orientando o trânsito e auxiliando a travessia dos escolares. Todos o conheciam por nome e, mesmo quem não precisava atravessar, o cumprimentava, pois ele estava ali para ajudar e era benquisto. Televisão era “coisa do outro mundo”, então sobrava tempo para as famílias conviverem harmoniosamente e conversarem entre si. Hoje, um dos riachos foi canalizado, o outro foi retificado. Construiu-se um “piscinão” para conter enchentes em uma grande área, cresceram muitos prédios de apartamento... Já não é a mesma coisa. Tenho pena das crianças! Onde brincar? Naquela época eu era uma grande ESPERANÇA. Fui gordo até os onze ou doze anos de idade, depois eu cresci e fiquei elegante. Eu me achava o adolescente mais bonito do mundo. Tinha muitos amigos, bons amigos, bons princípios, bons modos... Tocava trompete e trombone na banda do Exército da Salvação e vivia uma vida maravilhosa. O futuro seria maravilhoso, sem dúvidas, se não fosse...
— Provérbios
23:19-35
Aos onze anos, 1961, creio, fui ajudar um ex-colega de trabalho de meu pai, que tinha uma mercearia e bar. Era um sujeito analfabeto, turrão e seu filho, já adulto, que o auxiliava no negócio, sofreu uma enfermidade grave que o afastou do trabalho por vários meses. O combinado era eu ajudar em trabalhos leves e fazer as anotações nas cadernetas, muito utilizadas naquela época, mas, na verdade, eu ficava a maior parte do tempo sozinho, atendendo a freguesia, inclusive de bebidas, no balcão e vim a conhecer viciados em todos os tipos de drogas. Foi lá que descobri um licor, muito doce, de nome Fogo Paulista. Quando fui servir uma dose para alguém, lambi a gotinha que ficou no meu dedo, daí resolvi experimentar. Naquele dia eu tomei o primeiro fogo da minha vida. Lá
eu passei também a experimentar outras bebidas, de leve...
— MÁS COMPANHIAS? Com certeza houve! Um de meus amigos da infância, ex-vizinho, quase um irmão, que havia se mudado para Guarulhos, voltou à nossa turminha e vivia nos contando das “coisas que aprendera”. Sabia como bater carteiras, conhecia a maconha e até trouxe uma vez para que eu experimentasse, porém não gostei. Eu tinha aprendido que droga não prestava. Esse “amigo” me “ajudou” a abandonar a Jesus. Aos treze anos, à época da Jovem Guarda, comecei a “curtir a vida”. Não perdia um “bailinho” nem a chance de “tomar alguma coisinha”, Tomava algo para “desinibir”, não que eu fosse inibido. Era um jeito bonito de falar. Aos
poucos, já era uma bebida mais forte que a outra em doses cada
vez maiores e já não gostava de ir a festas ou programas
em que não houvesse bebidas... O
álcool, que antes era consumido apenas nos finais de semana, passou
a ser diário. Já não passava um dia sem beber algo
e cada dia bebia mais. Nas reuniões familiares eu nunca estava presente. Você iria me achar no boteco. Livro na mão, bebida no copo, cigarro aceso. O cigarro era outra dependência terrível. Sabe-se hoje que, à época, a indústria do tabaco adicionava mais nicotina e alcatrão no cigarro para aumentar a dependência. Quando comecei a fumar, aos doze anos, fumava poucos cigarros e dos mais fracos, ou “chiques”, mas, com o passar do tempo, fui aumentando o número de cigarros fumados por dia, cheguei a fumar sessenta cigarros diários e cigarros cada vez mais fortes. Passei a fumar os sem filtro, para tentar satisfazer o vício, mas não adiantava. A respiração era difícil; a tosse, constante. O dinheiro era gasto nesses três “pilares”: bebida, cigarros e jogo. O trabalho deixou de ser importante e assim eu ficava sem dinheiro, bebendo “fiado”, com dificuldades para pagar... Começavam os pequenos furtos de dinheiro em casa. Os estudos, eu recomeçava para abandonar novamente. A bebida já descia amarga, muitas vezes causava vômito, mas eu tinha que beber. Era obrigado a beber. E
quando mamãe me pedia: Eu respondia que não iria beber... Que estaria presente, sim, no almoço ou reunião da família, em casa, ou na casa de um de meus irmãos casados. Na verdade, nem eu mesmo acreditava naquilo. Até desejaria ir, mas sabia que não conseguiria. Acabava no boteco! O bar acabou sendo o meu dia-a-dia. Passava mais tempo nos bares do que em casa ou em qualquer outro lugar. Houve fases em que me embebedava e dormia. Acordava ainda bêbado, “tomava mais uma ou duas” e voltava a dormir. Dia e noite bêbado, sem controle, sem forças, sem projetos, sem vergonha.
— Costumava ficar sentado “lendo” um livro e bebendo, à mesa de um bar, que também era ponto de drogas e houve ocasiões em que a polícia chegou, com armas pesadas, dando ordem para que todos encostassem as mãos na parede, acima das cabeças e revistou um por um. Comigo ninguém mexeu. Me ignoraram! Até eles sabiam que eu era apenas um bêbado qualquer. Todos concordavam que eu já não tinha jeito. DECEPÇÃO é o que eu era então.
—
Sou o quinto filho de uma família de sete. Minha irmã, a única menina, a caçulinha, é quatro anos mais nova que eu, enquanto o primogênito é nove anos mais velho. Meu
pai, Emílio Carlos, primogênito de sua família, era
comunista de carteirinha (me envolvi fundo nisso). Anti-religioso, livre
pensador, autodidata, operário especializado. Minha mãe, Encarnação, era a caçula e a única evangélica entre seus irmãos. Era Sargento do EXÉRCITO DA SALVAÇÃO, de que participava desde os sete anos de idade, pois, em 1930, quando morava no bairro do Braz, em São Paulo, os “oficiais” a “adotaram”. Para onde fossem a levavam junto e seu pai permitia, pois era em uma época de grande escassez e meu avô via neles pessoas boas e que tinham boas coisas a ensinar. Ela dirigiu por muitos anos um trabalho evangelístico, em minha casa, a “Liga do Lar”, destinado às Senhoras da vizinhança. Uma tarde por semana se reuniam. Lá cantavam, tomavam chá com biscoitos ou bolo, havia um momento de reflexão e recebiam cursos de culinária, bordados, pintura, etc. além da assistência social prestada àquelas famílias. Era comum vê-la, nos momentos de folga, sentada em sua cadeira de balanço, na sala, lendo a Bíblia Sagrada. Conversava muito conosco, e administrava o lar.
— Meu avô paterno, Carlos, primeiro de oito filhos, sueco, ateu convicto, agrimensor de profissão, morava no interior paulista, fazia medições no sertão. Ao final de alguns trabalhos, passava temporadas conosco em São Paulo e quando isso acontecia, eu era seu companheiro constante. Com ele aprendi a jogar damas, e com ele eu ia ao bar, onde ele “tomava uma cervejinha”, enquanto eu bebia um guaraná. Ele me falava da política e contava histórias do sertão. Ele vivia separado de sua esposa, a Vovó Maria, uma dinamarquesa séria, de formação batista, que morava no interior do Paraná com um dos filhos, solteiro à época. Ela raramente ia São Paulo e, durante minha infância, foram poucas vezes que a vi. Dela não há muito que eu possa falar, a não ser depois que veio de mudança para Osasco, quando o meu tio se casou. Aí eu já tinha uns dez anos, acho! Meus avós maternos, espanhóis, participaram de quase todos os momentos de minha infância, pois moravam próximos e, quando não, vinham constantemente à minha casa. Estavam sempre presentes e eram benção em minha vida. Ele, Francisco e ela Ângela, vieram como imigrantes para a lavoura e, por morarem em colônias, nunca precisaram falar o português. Para nós, eram apenas o Abuelo e a Abuela. O abuelo era Kardecista e dele eu herdei os livros da codificação espírita. Baixinho, sério, mas bem-humorado, vivia contando as estórias dos cavalos que ele amansava e das fazendas onde trabalhou... Aposentou-se como jardineiro da Prefeitura de São Paulo. A Abuela era de uma família católica da Espanha. Tinha um sem número de parentes padres e freiras, segundo nos contava, mas ela não frequentava igreja nenhuma.
— Meu
relacionamento com meu pai piorava sempre, devido à dependência
do álcool. Além do que eu bebia no bar, tinha uma garrafa
debaixo da pia e mais uma ou duas escondidas em outros lugares. Saí magoado... Saí magoando. Andei
fazendo alguns pequenos trabalhos, mas nada firme. Quando queria fumar, fumava o que achava no chão. Se alguém, à minha frente, jogava um cigarro, eu o pegava ainda aceso e continuava fumando. O que restava de dignidade perdi nessa época. Praticamente tudo o que eu tinha de roupas e objetos foi ficando retido em hotéis e pensões em que eu me hospedara e já não tinha com que pagar. Vez por outra, tomava alguma bebida tão ruim, que ficava intoxicado, sofria vômitos, por vários dias, a ponto de não poder engolir sequer a saliva. Não
raro, quando a fome batia, eu comia folhas ou sementes. Aprendi o sabor
delas e até gostava de algumas... SOLITÁRIO,
Nessa época, eu tinha uma porção de nomes... Mas, nome para quê? Ninguém me chamava para nada...
— Então
eu conheci o pior do que passei, e não creio que haja sentimento
pior: Não ter para onde voltar, não ter ninguém esperando... Mesmo nessa época eu fiz alguns “amigos”, pessoas que estavam no mesmo barco que eu e também não viam saída. Nesse tempo, eu olhava para os moradores de rua, que viviam em “tribos” mas não tinha coragem de me aproximar. Eu não era um deles e não queria ser um deles. Estavam em pior situação do que a minha, pois eu ainda tinha consciência do buraco em que estava e sabia que existia coisa melhor que aquilo, e eles nem isso sabiam. Em
alguns momentos até os invejava, pois eles tinham um ao outro,
a amizade, a convivência, enquanto eu estava sozinho. Os dias passavam e eu mais me desesperava, até que resolvi pedir a Deus a sua misericórdia. Não que eu acreditasse que Ele fosse se importar comigo, pois eu era apenas mais um alcoólatra perdido no mundo, um mundo com bilhões de pessoas... É! Deus não ia me ouvir! Ele tinha mais o que fazer. Mesmo assim eu chorei diante dele, pois eu precisava chorar para alguém.
— Um dia, estando em Presidente Prudente, ouvi pelo rádio uma entrevista que me chamou a atenção: Eram dois jovens contando sobre sua recuperação da dependência química, através de uma instituição chamada Esquadrão da Vida, que tinha filial naquela Cidade, com escritório na área central. Anotei o endereço e fui para lá no dia seguinte perguntar como eu poderia receber o tratamento. Talvez eu pudesse me recuperar e me levantar novamente. Talvez fosse a solução. Fui informado de que precisaria vir a Marília (anotei os dados), para começar o tratamento, mas sem muitas esperanças de conseguir. Resolvi tentar. Seria a última tentativa. Se falhasse... A idéia de suicídio ganhava corpo dentro de mim.
— Eu precisava chegar a Marília o mais depressa possível. Nessa época eu ainda tinha alguns “tesouros” comigo. Ferramentas, como alicate, chaves fixas, de fenda, etc. Tinha também um molinete japonês e uma varinha telescópica que ainda valiam alguma coisa, mas quem iria comprá-la de um bêbado? Todos iriam achar que era coisa roubada! Ainda assim, montei a vara com o molinete, completinho e saí para oferecer às pessoas que visse na rua. Talvez conseguisse o dinheiro da passagem... Ainda me lembro. Um sujeito gordo, negro, que estava em uma esquina. Devia trabalhar por ali, pois já o vira antes. Logo que lhe ofereci o molinete, ele tirou o dinheiro do bolso, mais que o dobro do que eu precisava para a viagem. Foi a melhor experiência que eu já tive em vendas. Que Deus o abençoe, cidadão anônimo!
— Comprei a passagem para aquela noite e, com o dinheiro que sobrou, comprei uns maços de cigarro do mais forte, que eu fumava, comi alguns torresmos e outros salgados (cheiravam tão bem...) e tomei todas as cachaças que pude. Fiquei lá perto da rodoviária, tentando me manter acordado até que chegasse a hora do embarque.
— Foi
assim que cheguei a Marília. Atolei o pé, como dizem por aí. Fui
para o terminal de ônibus urbano e, para chegar, atravessei a linha
do trem. Então se firmou a idéia: Se não conseguisse
minha vaga no Esquadrão da Vida, eu sabia para onde ir... Às sete e meia da manhã resolvi ligar para perguntar como chegar lá e o Osni me atendeu. Foi a primeira pessoa com quem conversei algo útil em Marília. Ele me disse que eu precisaria marcar uma entrevista, que seria necessário levar algum material, objetos pessoais... Achei que não ia dar. Eu não tinha mais nada para oferecer, a não ser uns vinte reais que ainda sobravam. Já ia agradecendo, dizendo que não se preocupasse que eu daria outro jeito, quando ele falou: -Não faça nada. Venha para cá agora mesmo! Foi Deus quem tocou no seu coração para falar aquilo. Eu não havia lhe dito nada sobre o suicídio. Foi Deus quem o avisou. Obrigado, Senhor!
— Virei “SEU ÉLIO” Cheguei ao Esquadrão já com quarenta e dois anos completos. Era dia vinte e nove de Julho de noventa e dois, às nove horas da manhã, totalmente bêbado, pois não parara de beber desde que peguei o dinheiro e há dias não fazia uma refeição. Fiquei sentado no escritório, esperando passar a bebedeira, até três ou quatro da tarde, mas a bebedeira não passava e eu fui recebido mesmo assim; Foi ordem de Deus, hoje eu sei! O último cigarro que fumei foi no banheiro do escritório da casa de recuperação. Nunca mais fumei! Tomei um ótimo banho (água quente, sabonete, toalha limpa...), comi o famoso sopão com muita vontade! Na hora de dormir, dormi, até o dia seguinte, em uma cama macia, limpinha, com cobertor e tudo. Aquele havia sido o pior inverno da minha vida, mas agora já não sentia tanto frio.
— A minha situação mudou completamente. Para começo de conversa, me chamavam de “Seu Elio” e me tratavam com amor, com carinho. Comida da melhor, cinco refeições por dia. Os estudos bíblicos é que me complicavam um pouco, pois eu conhecia muito bem a Deus conforme o kardecismo ensinava. O “Deus” dos crentes era muito água-com-açúcar, simplista demais, uma coisa muito esquisita para que eu pudesse entender. Eu conhecia, de nome, uma porção de “espíritos” importantes, “de luz”. E sabia também que a mente humana é muito poderosa, tem uma capacidade enorme... Eu tinha aprendido a fazer uma porção de coisas no curso de parapsicologia. Já exercitara aquilo, também. Pirâmides? Energia das formas? Claro. Eu sabia muito sobre aquilo. ÓVNIS? Eu não tinha visto, mas não tinha a menor dúvida que existiam... Eu conhecia por fotos, vídeos, relatos... Conhecia bastante a respeito! O
Edí, gaúcho, estagiário, sempre me dizia: Onde já se viu essa história de aceitar a Jesus? Ele era um espírito de luz, muito adiantado. Não existia isso de aceitar. Ele era e pronto! Mas... Isso de ele me perdoar todos os pecados, eu não ter que pagar mais nada... Era impossível. Imagine só! Um Deus pessoal... Não sabiam da lei de Causas e Efeitos? Definitivamente, eu dizia: -Crente era bobo, mesmo... Continuei o meu tratamento naquele lugar. Ganhei amigos, pessoas que vinham conversar comigo, que me honravam, que não ficavam perguntando coisas. Isso era muito bom. Tudo ia muito bem, porém, o meu coração estava cada vez mais apertado pela culpa de ter abandonado o meu pai e minha irmã, principalmente, além dos outros irmãos, já casados. A família sempre fora muito unida. Tudo era motivo para se estar junto, compartilhar... Pai, irmã, irmãos, cunhadas, sobrinhos, primos... Família! Eu havia jogado fora tudo o que de mais valor já tivera... Os dias iam passando, eu ia me desintoxicando, sentindo-me fisicamente mais forte, porém a mente... Não ia dar certo! Eu não via futuro plausível. ESTAVA DEPRIMIDO!
— Pensava em minha vida dia e noite e não achava solução, até que naquela madrugada me levantei, fui à capela interna, onde me ajoelhei chorando e orei assim: -Jesus;
Se você é do jeito que esses crentes estão falando
e não do jeito que eu conheço, então vem. Por favor!
Eu preciso de você!
— Como uma explosão!... Uma explosão de amor! Isso é tudo o que senti naquele momento. Senti como se o MAIOR AMOR do universo tivesse me pego no colo, me abraçado, me acariciado, me afirmando que eu estava perdoado. As lágrimas se multiplicavam, escorriam pelo rosto. Eu estava chorando de uma forma que nunca chorara antes. Era arrependimento, era amor, era esperança, era alegria, eram tantas coisas boas que vinham com aquelas lágrimas. Inexplicável! Era o sol surgindo após a tempestade. Era a presença de Deus! Acabou
o medo, acabou a depressão, esqueci a preocupação,
esqueci as mágoas... Silenciei, naquele momento maravilhoso, numa entrega de corpo, alma e espírito. Aquilo era o nascer de novo... FOI TREMENDO! ERA A GRAÇA! ERA DE GRAÇA! Jesus não me acusava de nada. Sentia apenas o seu amor me envolvendo. Não sei quanto tempo durou aquilo, mas acordei leve, feliz e me inseri na rotina do dia. Vez por outra eu sentia as lágrimas descerem do meu rosto, enquanto eu dizia palavras de amor a Jesus. Eu
sentia a sua presença de forma grandiosa, entendia que Ele tinha
o melhor para mim e queria que eu aceitasse. Orei com ele, confessando os meus pecados, pedindo que Ele escrevesse o meu nome no Livro da Vida. Renunciei a todo o meu envolvimento com as trevas. Isso fez toda a diferença em minha vida. Isso é que permite que eu me conserve em pé. Não sou um “adicto”, em abstinência por mais um dia, mas um homem liberto de todo o vício pelo poder do Senhor Jesus.
Acabou-se a história de derrotas, mentiras, medos, frustrações!
Estava começando a história do novo Élio. Agora o meu nome era FELIZ, me sentia amado de Deus, cuidado por Ele. Sabia-me pronto para lutar e vencer em cada momento e tenho enfrentado lutas, cada uma a seu tempo. Eu, que lera milhares de livros de todos os tipos, sobre quase todos os assuntos e religiões, nunca tinha lido a Bíblia, a não ser trechos limitados, passei a lê-la com avidez. Era um universo totalmente novo. A “crítica” tipo de filtro, que antes me impedia de entender a Palavra de Deus foi tirada, e eu comecei a beber aquelas mensagens como água limpa e fresca, depois de ter andado no deserto por tanto tempo. Lá eu li: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo e eu não duvidei mais disso, porque já sentia a salvação. (Romanos 10:9) Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. (1ª João 1:9) O Salmo 116:12 diz: Que darei eu ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito e isso se gravou firme em minha mente. Nunca poderia esquecer os benefícios do Senhor. Hebreus 9:27 e 28 E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação. Deuteronômio 10:10-12:10 Não se achará no meio de ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador, nem quem consulte um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz estas coisas é abominável ao Senhor, e é por causa destas abominações que o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti. Levítico 19:31 Não vos voltareis para os que consultam os mortos nem para os feiticeiros; não os busqueis para não ficardes contaminados por eles. Eu sou o Senhor vosso Deus. Eclesiastes 9:10 Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças; porque no lugar dos mortos, para onde tu vais, não há obra, nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma. Agora eu entendia a mensagem do Salmo 23: O Senhor é o meu pastor, nada me faltará! Eram tantas as passagens que Deus me mostrava de forma especial!
— A Assistente Social, Betinha (guarde bem esse nome), quando me entrevistou, instou-me de escrever para minha irmã e meu pai. Eu titubeava. Achava que não ia dar certo, mas pela insistência, resolvi tentar. Era o mês de Agosto de 1992. Escrevi, mas logo que foi postada a carta eu fui transferido para a fase seguinte de minha recuperação, em um sítio maravilhoso, em Presidente Prudente, cidade onde eu ouvira falar do Esquadrão. Lá eu fiquei por seis meses. Um tempo maravilhoso na presença de Deus. Acontece que quando minha irmã recebeu minha carta e respondeu com presteza, essa resposta não me alcançou em Marília. Eu havia acabado de ser transferido e, por um engano de alguém, a carta ficou arquivada em minha pasta, ao invés de ser-me enviada. Sem aquela resposta, eu achava que tinha sido em vão escrever, mas sei hoje que isso era necessário para o meu tratamento e fortalecimento. Nesse tempo aprendi a depender somente de Deus e não de pessoas, por mais amadas que fossem. Uma coisa me preocupava: Eu precisava acertar a situação com meu pai. Eu o havia abandonado sem me despedir. Eu o ferira muito, o decepcionara... Eu precisava pedir-lhe perdão, porém, como fazer? Com certeza, Deus proveria o encontro.
— O sítio do Esquadrão lá em Prudente é um lugar maravilhoso localizado a, aproximadamente, três quilômetros do centro do distrito de Montalvão. Lá eu comecei a enfrentar grandes batalhas e a ouvir a voz de Deus de forma clara e audível. Os momentos que passei ali, as dificuldades, as vitórias, as amizades, não caberiam aqui e não sei se conseguiria contar... Local amplo, boas instalações, uma boa porção de terra cultivável, criação de galinhas poedeiras, frangos de corte, roça, uma horta muito bem cuidada, enfim, o trabalho não faltava. Há uma represa que, à época, estava cheia de tilápias e, há mais de um ano, ninguém pescava. Aquele era o meu lazer... Aos sábados, das 13h às 17h 30min, lá estava eu, caniço na mão, tirando grandes tilápias que fritávamos nos domingos. Era bom demais. Nas noites de domingo, visitávamos as igrejas, das várias denominações, no centro da cidade. Tínhamos que caminhar até Montalvão para pegar o ônibus. Na volta, novamente a pé até o sítio, caminhando à luz da lua, quando havia lua. Eram momentos maravilhosos, para compensar as dificuldades. Imagine um lugar lindo desses, onde conviviam pacificamente pessoas de várias origens, culturas, ideais... Todas vindas de situações delicadas, devido à dependência química. Pessoas vindas de lares e ideais desfeitos, desemprego, dívidas, revoltas... Pode parecer que era um barril de pólvora, mas não! A casa era dirigida pelo Antonio Carlos Sobreira, uma pessoa que vivia na dependência de Deus e que sabia tornar em exemplos edificantes todas as situações difíceis que pudéssemos atravessar ou presenciar. Nessa fase, estávamos em aproximadamente quinze recuperandos, de quase todas as partes do Brasil. Tinha baiano, carioca, gaúchos, maranhense, mato-grossense, mineiro, paranaense, paulistas, rondonienses... Todos buscando a recuperação.
— Lá, entre outras atribuições, eu era o “benceiro”, ou seja, a pessoa que cuida da “benção”, o lugar onde se guardavam as roupas e calçados que podiam ser doados aos internos que necessitassem. Uma das atribuições do “benceiro” era lavar e passar toda a roupa de cama da casa, além de verificar a ordem nos dormitórios, para que nada ficasse fora de lugar. Cada interno era responsável pela arrumação de sua cama e armário. Havia escala de trabalho para todas as áreas. Uma ocasião, sem que eu percebesse como ou quando começou, o relacionamento entre os internos começou a se deteriorar. Não havia briga ou inimizade, apenas a situação ia se complicando. Alguns internos passaram a agir em desacordo com as normas, porém eu continuei a levar a sério minha estada lá. Eu não queria mais voltar a viver longe de Deus, e ainda não estava em condições de sair dali. Não procurei denunciar, nem fiquei criticando. Apenas falei o que pensava quando fui consultado e disse que não estaria com eles. Havia certa luta interna para definir lideranças e isso estava fora de cogitação. Eu não pretendia liderar ninguém e nem aceitar liderança que não viesse da direção da casa e isso fez com que me vissem como um problema.
— O relacionamento foi se complicando, até que, naquela sexta-feira, enquanto rastelava o capim que havia sido tombado na véspera, eu pensava comigo mesmo em como resolver aquela situação. Estava ficando insuportável. Por mais que eu fizesse para me manter alheio àquilo, eu estava envolvido. Não poderia abandonar aquela casa, sob o risco de voltar a cair na bebida e na vida suja de que tinha saído meses antes. Era complicado e eu não sabia mais o que fazer. Repentinamente, veio à minha mente uma voz clara, que não deixava dúvidas: -Por quê você não ora? Assustei-me. Porque não pensara nisso antes? Porque é que o próprio Deus tinha que me lembrar disso? Ajoelhei-me ali mesmo, sozinho, e derramei o coração diante de Deus. Falei o que eu sentia. Falei que Ele sabia que eu procurava fazer o melhor, mas que não estava conseguindo nada. Que não poderia viver como havia vivido antes, agora que conseguia pensar claramente... Falei que precisava da Sua ajuda e que estava impotente para resolver aquela situação. Citei um a um todos os problemas que atravessávamos. Naquele momento ouvi novamente a voz de Deus me dizendo: -Não tenha medo. Crê, somente! (Na Bíblia há um versículo onde Jesus diz essas mesmas palavras, desta vez a Jairo, quando lhe disseram que sua filha estava morta. Jesus o animou e ressuscitou a sua filha.) Não havia ninguém a menos de cem metros de onde eu estava. Levantei-me, ainda com lágrimas nos olhos e agradeci a Deus. Quando a sirene soou avisando do termino da jornada, subi para o banho e demais atividades, já bem tranquilo. Temer o quê? Jesus é comigo! No domingo, pela manhã o Sobreira, coordenador da casa, chegou para a EBD (Escola Bíblica Dominical) e, diferente do que normalmente fazia, nos disse que falaria conosco sob as árvores. Cada um pegou uma cadeira, seu material e lá fomos nós para uma sombra deliciosa. Sentados
em círculo, ele fez a oração inicial e começou
a exortar o grupo, dizendo tudo aquilo que eu havia falado para Deus,
entre lágrimas. Falou sobre tudo o que estava acontecendo. As disputas, as distorções das ordens, a falta de dedicação, etc., etc. e terminou aquela palavra com a aplicação de disciplina àqueles que ele achava que mereciam. Foi definindo o que cada um faria ou deixaria de fazer, em decorrência de sua conduta. Eu estava maravilhado. Sobrou disciplina para quase todos. Exceção feita a mim e mais um interno. Como é que aquilo foi acontecer, poucas horas depois de eu ter falado com Deus? Coincidência, você diria? Não havia ninguém perto de mim, quando eu falei aquelas palavras, além de tê-las dito baixinho, entre lágrimas. Mesmo que alguém estivesse ouvindo, certamente não conseguiria entender o que eu dizia. Era Deus, mostrando o Seu grande amor e o quanto Ele se importa conosco. Ele sabe dizer: -Eu te amo, Eu te ouço, Eu te ajudo. A situação se normalizou, voltou à paz e fiquei ali até completar os seis meses.* *(À época, o período de tratamento era de um ano, sendo 90 dias em Marília, 180 em Prudente ou Pompéia e mais 90 em Marília, como “estagio probatório).
— Nos primeiros dias de Janeiro de 1993 foi que a carta abençoadora me chegou às mãos, como um presente do céu. Minha irmã falava da alegria em saber que eu estava sendo cuidado, me recuperando e me animava a prosseguir. Bendito seja, sempre, oh Deus. Obrigado pela vida da Olga, irmãzinha amada, sempre amiga! Sempre alguém com quem eu podia abrir o coração, em todas as horas. Ela estava emocionada, feliz, com a minha decisão de procurar ajuda. Me deu notícias, me motivou a continuar. Foi um presente maravilhoso, aquela carta.
— Chegou a hora de voltar a Marília para o estágio final do tratamento. Seriam mais noventa dias, durante os quais eu teria o encargo de sair sozinho para executar alguns trabalhos, como a entrega de correspondências, serviços bancários, acompanhar alunos novos em saídas necessárias, etc. Era um tempo para o interno aprender a andar sozinho, sem depender de drogas, ganhar autoconfiança. Nessa época já comecei a pedir a Deus que me preparasse um lugar para viver. Eu gostava de Marília. Pensava continuar por aqui. Durante minhas saídas a trabalho aproveitava para procurar emprego. Contabilidade, auxiliar de escritório, faxineiro, caseiro de chácara ou sítio, seja lá o que fosse. Eu pretendia ficar por aqui, mas não aparecia nenhum trabalho, ninguém disposto a abrir uma porta, a confiar em um recuperado. Continuei orando. À medida que os dias passavam, aproximando o final o meu período de tratamento, fui limpar o arquivo geral e deixei aquilo como eu entendia que deveria ser. Removi todas as pastas, afastei armários, limpei tudo como era necessário e comecei a reorganizar, refazendo as caixas, etiquetando, arrumando... Eu já trabalhara em contabilidade e administração tanto tempo que conhecia muito bem aquilo. O responsável pela casa gostou daquele serviço e me convidou a continuar auxiliando nos trabalhos do escritório. Passei a digitar fichas e outros trabalhos e, ao final do meu plano de recuperação, continuei a trabalhar ali como voluntário por algum tempo. Trabalhava no horário de expediente e continuei a morar na instituição. Eu gostava da Igreja aqui e fui batizado nas águas do Rio do Peixe, no dia primeiro de Agosto de 1993, pelo pastor José Rosa da Costa, muito amado amigo.
— Já passara um ano e meio desde que eu saíra de casa. Já me comunicava por carta e telefone com minha irmã. Ela inclusive veio a Marília, me visitar e, após isso, passou a me abençoar com uma remessa de dinheiro mensalmente. Eram dez por cento de um salário mínimo, cerca de R$ 12,00, que ela me enviava pela conta bancária do Pedro, amigo amado, funcionário do Esquadrão. Eu usava esse dinheiro para me locomover por Marília, pois voltara a cursar o ensino supletivo. Tudo se firmava. Tudo se resolvia. Eu ainda sentia a necessidade de fazer uma visita ao meu pai, já idoso, e pedir-lhe o perdão pessoalmente. Era algo necessário, de que eu não podia fugir. Orei a respeito e descansei. Por mim próprio, não teria condições de resolver isso. O dinheiro era difícil, as passagens caras... Deixei que Deus cuidasse disso. Quando fosse a hora, eu iria. Um dia soube que haveria uma excursão de evangélicos para São Paulo, para um evento no Pacaembu. Ônibus fretado, economia de 70% nas passagens, mas eu não tinha esse dinheiro. Mais uma vez falei com Deus. Seria a oportunidade que eu esperava? Naquele dia, o Pedro, sempre brincalhão e bem-humorado, veio me perguntar se “minha família havia mandado algum dinheiro”, pois havia um depósito originário de São Paulo. Quando ele me disse o valor, eu ousei afirmar: -Não é meu! Dessa vez o valor era muito maior. Quem me mandaria tanto dinheiro? Achei que fosse para algum dos demais estagiários e sosseguei, porém mais tarde a Olga me liga dizendo que meu irmão fizera um depósito na conta do meu amigo... Perguntei se ela sabia o valor e era justamente aquela importância. Era um presente de Deus, enviado através do meu irmão. Ele foi ao banco e lembrou-se de que “o amigo do Elio tinha conta naquele banco”. Ligou para a Olga, pegou o número da conta e transferiu um dinheiro muito além do que eu poderia esperar. Reservei meu lugar e, na sexta-feira, à noite, embarquei. Eram cerca de dez horas da manhã quando cheguei à casa do meu pai. Ele
estava na oficina e, quando me viu, ficou sem saber o que fazer. Cheguei
para ele e, da forma que consegui, abracei-o e pedi-lhe o perdão.
Era um momento de muita emoção, Ficamos ali abraçados por alguns minutos, deixando as mágoas se esvaírem com as lágrimas e por isso demorou até que pudéssemos conversar. Glórias a Deus por aqueles momentos.
— À hora do almoço, à mesa, meu pai ainda não confiava em minha recuperação. Não dizia abertamente, mas me estudava em todos os momentos, analisando, buscando enxergar as mudanças. Anteriormente eu provara que não era confiável. Chegara a hora de provar que havia mudado. Teria que conquistar sua confiança novamente. Ele abriu uma cerveja, encheu um copo e o colocou perto de mim. Eu olhei para aquilo e lhe disse que já não bebia. Fiquei constrangido, mas, conhecendo o gênio forte do Sr, Emílio, sabia que não era hora de prolongar o assunto. Passei a contar-lhes sobre o lugar em que estava, o que fazia, o que pretendia... À tarde me despedi, deixando um pouco mais de esperança naquela casa e saindo mais leve, mais feliz. Alguns meses depois, novamente pude ir à sua casa, em visita e lá encontrei meu irmão mais velho, que reside em Curitiba. Novamente, à mesa, meu pai encheu outro copo de bebida e colocou em minha frente. Era provocação, que eu já conhecia. Orei em silêncio e ousei dizer-lhe: -Pai, a bebida já me causou muito mal e à nossa família; o Senhor acha que eu devo voltar a beber? Falei com o copo na mão e tornei a colocá-lo à sua frente sem dizer mais nada a respeito. Continuamos a conversa anterior e ele nunca mais voltou a me oferecer bebidas. Começou a acreditar na minha recuperação e decisão. A partir desse dia, todas as vezes que eu ia a São Paulo e chegava em sua casa, ele pegava uma sacola e saia “para comprar alguma coisinha”, mas, na verdade, eu sei, era para falar para os vizinhos e amigos que o Elio estava bem, estava recuperado!
— Havia um curso de datilografia, disponível a todos os internos e eu aproveitei para treinar um pouco. Eu já havia trabalhado muito tempo em contabilidade e administração, datilografava muito bem e também havia sido operador-contábil de várias máquinas. Addo, Ruf, Facit, Audit, NCR, entre outras e era bastante ágil. Como passara muito tempo afastado dessa área, resolvi treinar. A responsável pela sala era a Betinha, Assistente Social e ela não entendia muito sobre as máquinas, mas com a apostila, conseguia resolver os problemas que surgissem. Com a minha chegada passei a auxiliá-la. Isso nos aproximou e comecei a me interessar por ela, muito timidamente, pois não tinha nada lhe oferecer, mas um dia disse-lhe que, quando eu saísse do Esquadrão, eu a procuraria. Em Outubro de 1993 ela se desligou do Esquadrão e foi trabalhar na Prefeitura de Marília, pois havia conseguido colocação em concurso público, e passou a atender na Secretaria do Bem Estar Social. Ainda assim nos víamos em alguns eventos, mas eu ainda não sabia o que fazer. Era voluntário, não tinha salário, nem recursos para nada... Não daria para pensar em namoro. Tinha apenas algum dinheiro, comissão sobre vendas, que me garantiriam provisoriamente. Um dia, achando que não me acertaria com a Betinha me propus a buscar um emprego onde fosse possível, para levar avante a vida. Eu andava enciumado...
— Um dos irmãos, com o qual convivi durante a recuperação, me convidou para ir trabalhar com ele e me garantiu lugar para morar em Rondônia. Passei a pensar seriamente nisso e comprei uma passagem de ônibus sem data marcada, planejando a “mudança” para o início do ano. Talvez não fosse o melhor, pois ficaria muito longe para visitar minha família quando estivesse morando lá, porém eu teria um trabalho digno, amigos e chance de progresso. Era final de Dezembro e eu iria passar as festas no Esquadrão de Prudente e lá mesmo embarcaria. Quando falei ao Sobreira sobre a viagem, ele me disse que eu não deveria ir e se dispôs a contatar alguns empresários conhecidos. Conseguiu-me dois empregos, ambos com lugar para morar, para que eu pudesse escolher. Acertei um deles, uma oficina autorizada de refrigeração, onde trabalharia como técnico e combinei começar o trabalho no dia 3 de janeiro, logo que reabrissem. Estava feliz e aproveitei os dias que me sobravam ajudando nas atividades da casa, até o dia do acidente.
— CULPA DO CAVALO OU RESPOSTA DE ORAÇÃO? Naquele sábado, já anoitecendo, durante a conversa, após o jantar, vimos que o cavalo estava fugindo para a rua. Talvez a porteira tivesse ficado aberta, ou ele a houvesse forçado... Só o vimos escapando. Subimos na carroceria do caminhão, um Mercedes 608, que o Esquadrão dispunha e fomos atrás para trazê-lo de volta. Quando o pegamos, foi passada a corda em seu pescoço e, enquanto o caminhão ia vagarosamente, eu segurava a corda com ambas as mãos. Repentinamente o cavalo empacou e eu, ao invés de soltar a corda, segurei firme. Isso arrancou o couro de minhas mãos, que começaram a sangrar. O cavalo foi trazido de volta, porém minhas mãos tiveram que ser enfaixadas e doíam bastante, portanto eu não poderia iniciar o trabalho na segunda-feira. O “patrão” me disse para começar quando pudesse. Ele estava disposto a me ajudar e eu conhecia bem o trabalho. Havia passado no teste. Aproveitando essa folga forçada, retornei a Marília para buscar as coisas de menor importância que havia deixado e dar as boas novas aos meus amigos. Chegando à Sede do Esquadrão da Vida encontrei todos os funcionários reunidos na recepção que me acolheram com muita alegria. Achei legal, aquilo, mas só entendi o que estava acontecendo quando o responsável me perguntou se eu estaria disposto a assumir o lugar do Osni, pois o mesmo estava saindo para trabalhar com outra coisa. Eles haviam ligado para Prudente para me convidar, mas eu acabara de sair para a rodoviária. Eu teria um salário mensal, registro em carteira e poderia continuar morando ali. Dava para começar a sonhar novamente. Oh, Glória! Deus continuava cuidando de mim, apesar de mim. Ele sabia o que era melhor e sempre faz o melhor! O trabalho era bom, a Equipe boa, mas eu ainda tinha algumas arestas a serem tiradas e precisava de um pouco mais de tratamento. Tinha que aperfeiçoar a paciência, e Deus, em sua infinita misericórdia, colocou pessoas para me auxiliarem nisso... Não era fácil, mas eu precisava vencer mais essa. Nos
momentos de maior dificuldade eu recorria à companhia do meu amado
amigo, o Pastor José Rosa, que hoje mora no Espírito Santo.
Glórias Deus! Foi
uma época maravilhosa.
— Começamos a namorar no dia onze de Março de 1994, e já eram 23 horas. Encontramo-nos no terminal de ônibus urbano. Ela vinha do Instituto Bíblico e eu do curso supletivo. Estava quase na hora da saída do seu ônibus quando decidi pedi-la. Eu estudava nos horários vagos, éramos de igrejas diferentes... Parecia difícil até conseguir horários para nos encontrarmos, mas, na verdade, o difícil foi tomar a decisão. Depois descobrimos que os impedimentos eram tão pequenos que não atrapalhavam, e passamos a nos encontrar quase todos os dias. Já no início de Abril, feriado em Marília, levei-a a São Paulo para apresentá-la à minha família. Ela, toda preocupada, pensando em como seria recebida, foi recepcionada com festa. Antes de voltarmos a Marília, meu pai perguntou-me sobre quando seria o casamento, ao que eu, honestamente, respondi que deveria demorar, talvez, quatro anos, pois o salário era baixo e seria difícil conseguir montar uma casa com tudo o necessário. Era impossível conseguir casar antes de três anos e meio. Errei
feio! Logo, pessoas de Marília, amigos e familiares, nos procuravam e prometiam nos dar algum móvel como presente. Ganhamos, praticamente, todos os móveis de casa. Percebíamos a direção de Deus em cada momento. Valeu David e Lena, pela força que vocês nos deram! O nosso relacionamento era ótimo, o cuidado de Deus, maravilhoso. Os irmãos de fé tinham prazer em participar conosco, e assim, dia 1º de Outubro daquele mesmo ano, colocamos as alianças de noivado, diante de Deus e dos pais da Betinha. Durante a fase de nosso noivado, a minha amada sogra entrou em depressão profunda. Foram momentos dificílimos para a Betinha, que era a única pessoa a quem sua mãe atendia. Então, ela era a enfermeira, a governanta, a filha, a faxineira... Tudo isso, além de seu trabalho, que já era difícil, e dos preparativos para o casamento. Em Isaias 40:29 está escrito: (Deus) Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor e comprovamos isso. Procurávamos uma casa para alugar, mas só encontrávamos dificuldades. Algumas, muito distantes, outras, aluguel muito caro, outras ainda, sem condições de morar. Como sempre, tínhamos que esperar a ação de Deus. Já era Dezembro, a menos de um mês do casamento, quando soubemos de uma casa em reforma, a cem metros da casa de meus sogros. Fomos conversar com o proprietário e assinamos o contrato. Provisão de Deus, sem dúvida. Precisávamos morar perto, para a Betinha cuidar da sua mãe até sua total recuperação. Havia um pedreiro trabalhando na casa e ele não terminava o trabalho. Estava assentando piso, sem nenhuma pressa. No dia quinze de janeiro, aproximadamente, comprei tinta e comecei a pintar as portas e janelas, enquanto o pedreiro “concluía” o trabalho. Na verdade, ele preparava um pouco de massa e ficava conversando com alguns desempregados, aposentados, desocupados, etc. e não via a necessidade de terminar a obra. No dia dezessete de Janeiro expulsei-o de lá delicadamente. Limpamos a casa e começamos a montar os móveis. Ficou linda! Casamos no dia 21 de janeiro de 1995, apenas dez meses e dez dias após o início de nosso namoro. Glórias a Deus. Acho que, se não expulsasse o pedreiro, teríamos que adiar o casamento ou morar em algum hotel, indefinidamente. Depois do casamento, em várias oportunidades hospedamos o meu pai, que tinha prazer em passar alguns dias conosco. Ele amava a “nova nora” e a transformação na vida do filho que, afinal, também era um novo filho.
— Foi uma tremenda chuva... ...De bênçãos! Meus familiares, de São Paulo, fretaram um ônibus e vieram. Meu pai, tios, irmã, irmãos, cunhadas, sobrinhos e sobrinhas, primos e primas, pessoas amigas... Foi uma grande festa durante toda a viagem e aqui também, apesar de eu não ter podido participar do banquete que trouxeram. Foi um dia inesquecível, maravilhoso. Igreja lotada. Todo mundo foi conferir! Dias antes do casamento, eu havia prestado concurso para a Prefeitura de Marília e consegui ótima colocação. Já em Abril comecei a trabalhar no Serviço de Patrimônio do município, um trabalho que eu já exercera na iniciativa privada. Gostava do trabalho e lá fiquei por quatro anos e meio, quando me transferi para a Secretaria Municipal de Saúde. No
dia em que completamos um ano de casamento, mudamos para nossa casa própria.
Uma casa popular, com apenas 43 m², sem forro (mandei forrar antes
da mudança), piso de cimento, sem muro, em rua sem asfalto ou sarjeta
e a nove quilômetros do centro da cidade.
— Vou
ter que retornar à época em que namorávamos. Após o casamento começamos a sonhar com um bebê e pedíamos isso a Deus. Ele sempre suprira todas as nossas necessidades. E, tudo o que pedirdes na oração, crendo, o recebereis. Mateus 13:22. O tempo foi passando e o bebê não vinha. Eu não me preocupava muito; apenas orava e descansava, mas a Betinha decidiu consultar um médico, fizemos tratamento, ela tomou alguns medicamentos e o bebê não vinha. Passei a orar pensando em adoção, mas não tinha coragem de propor isso a ela. Achava que tal idéia teria que nascer no coração dela. Teria que ser conforme a vontade de Deus. Um
dia, quando conversávamos, e sempre conversávamos bastante,
ela me falou sobre a inscrição no Fórum, perguntando
o que eu achava... Estávamos “na fila de adoção”. Talvez demorasse. Era esperar, mas não tínhamos dúvidas de que Deus faria o melhor. Em 1999, uma noite, já deitados, a Betinha me diz, emocionada: -Amor... Deus me disse que não vai ser Raquel. Vai ser um menino e vou dar-lhe o nome de Samuel! Abracei-a feliz e guardei aquilo no coração preferindo não prolongar a conversa. Ela seria a mãe e com o coração de mãe não se discute... No domingo de carnaval de 2000, início do mês de Março houve, na igreja onde servíamos, um Congresso com a presença do Pr. David Silva, então Ministro de Louvor em Londrina e o templo estava superlotado. Durante a pregação ele parou, apontou para a Betinha e disse: -O Senhor lhe diz para parar de chorar, pois o que você pediu já está a caminho! ALELUIA! Louvado seja o Senhor! Quando entrei no templo para buscar a Bete, alguns irmãos vieram me abraçar, chamando-me “papai”. Mais uma vez guardei aquilo no coração, pedindo a Deus capacitação e sabedoria para criar o meu filho no caminho seguro. Um
mês após, fomos contatados pelo Serviço Social sobre
a existência de uma criança em Assis cidade próxima
e oramos a respeito, pedindo a Deus a confirmação de que
seria aquela criança. Sem resposta, procuramos aconselhamento com
o pediatra nosso irmão e amigo Dr. Francisco Agostinho e, ao final,
decidimos pelo não. Nosso coração ansiava por isso,
mas não havia direção de Deus. Deus não é homem para que minta! (Números 23:19).
— No dia doze de maio, sexta-feira, antevéspera do Dia das Mães, 7h 30min o telefone tocou. Atendi ainda deitado e ouvi a voz emocionada da minha esposa amada: -Amor... O bebê chegou! Pulei da cama enquanto ela, entre lágrimas, me falava onde ele estava e então combinei encontrá-la ao lado da criança. Desliguei, pus-me de joelhos e orei, agradecendo a Deus por aquele momento e pedi-lhe então um sinal de que era, aquela criança, o nosso filho; Pedi, como prova que, logo que a Betinha chegasse junto ao berço, o bebê lhe desse um grande sorriso. Em minutos eu já estava pronto e logo me encontrei com a Betinha que, toda emocionada, me levou para ver a criança. Um menino lindo! Muito lindo! Abraçados, paramos ao lado do berço, olhando-o, quando ele abriu os olhos, olhou-me profundamente e tornou a dormir. Quando contei à Betinha a prova que eu pedira a Deus ela desabou em um choro de alegria. Acontecera exatamente aquilo que pedi. O bebê havia dado um tremendo sorriso para a mamãe Betinha. Agora éramos pais! Tínhamos um bebezão! Lindo, lindo, lindo! Dado por Deus, provado por Deus. -Até acho que era mais lindo do que eu, quando nasci! Sem exagero! Peguei-o no colo e, abraçados os três, oramos ao Senhor agradecendo-o. Recebemos o bebê de Deus e a Deus o dedicamos naquele momento. Incrível! Nunca eu me senti tão pequeno, tão dependente de Deus como naquele momento, pois até comecei a chamá-lo de Papai-do-Céu. Correr atrás dos documentos, conseguir assinatura de juiz, correr ao cartório, voltar ao juiz, correr para outro lado... Corremos o dia todo, alegres e felizes. Todos nos parabenizavam e procuravam ajudar. Alguns funcionários do Fórum se atrasaram para o almoço afim de que conseguíssemos acertar a documentação. Aleluia! Oh, Deus Maravilhoso! Eram quase 17 horas quando, com todos os documentos exigidos, buscamos a criança. Emoção indizível... “Nossa gravidez” durou mais de dois anos! Com o filhão lindo, passamos no trabalho da Bete, para buscar sua agenda e todas as colegas queriam conhecer o neném. Afinal, elas queriam participar daquele momento, pelo qual tinham torcido. Mais emoção; Haviam preparado uma festa, com muitos presentes para o Samuel. Muitas coisas, todas úteis. A Betinha chorou de novo e eu também tive que acompanhá-la nisso! Foi lindo! Passamos na casa da tia Lena, ligamos para o Dr. Francisco que nos atendeu feliz e examinou o bebê, ensinando-nos muitas coisas, como um anjo a nos apoiar. Só então, fomos para casa. Em uma gravidez normal, calcula-se o tempo em que o bebê vai chegar. Pode adiantar um pouco, mas o bebê já está lá, conosco, mesmo que ainda não o vejamos. Já em nosso caso, sabíamos que ele viria e que seria um menino, mas não sabíamos quando. Havia uma parte do armário cheia de roupinhas de bebê. A cada dois ou três meses eram lavadas, arrumadas... Só que, na hora em que o neném chegou, elas precisariam ser lavadas novamente. Ou alguém acha que a mamãe Betinha ia vestir no filhinho uma roupinha que não fosse recém-lavada? A primeira visita, ainda na sexta-feira, foi da Tia Sonia, outra pessoa que Deus usou e ainda usa, para abençoar o Samuel. Naquela noite o Samuel dormiu em um bebê-conforto, sobre a nossa cama. Nós também deitamos, mas acho que não conseguimos dormir nada naquela noite! No sábado, cedinho, corri à casa do Floriano para comprar um conjuntinho de quarto. O berço eu coloquei no carro na hora, o guarda-roupas chegou só segunda-feira. Montamos um quarto para nós e outro para o bebê. Ficou lindo.
— No dia dezenove de maio, sexta-feira seguinte à sua chegada, próximo à uma hora da tarde, ele começou a ter dificuldades de respirar. A Betinha começou a tratá-lo, mas ele não melhorava e nos olhava com aquele olhar de dependência total. Eram dezoito horas quando começou a piorar. Fomos ao Pronto-Socorro onde ele foi atendido e ficou sendo tratado sem muitas melhoras. Passamos a noite ao seu lado orando por ele, que só começou a melhorar às sete da manhã. Fomos liberados com a condição de, chegando em casa, fazer uma câmara de vapor que preparei em seu berço, colocando panelas de água fervente fora do berço, sob a cobertura. Eram nove da manhã quando ele ficou perfeitamente bem e aquele problema nunca mais se repetiu. Deus providenciou aqueles momentos para que percebêssemos o quanto ele era importante para nós. Já o amávamos, mas ainda não era possível avaliar o quanto. Só quando vemos que podemos perder alguém é que passamos a dar-lhe o devido valor e Deus permitiu aquela emergência para reforçar os vínculos que já nos uniam.
— A partir de Janeiro de 2001 a tia Cristina cuidou do Samuel durante o dia, mas em Novembro ela não pode continuar. Era o tempo de Deus, sem dúvida e aproveitamos o que havia de folgas e férias para ficar com o nosso filho. Matriculamos então o Samuel na EMEI Pingo de Gente, cuja diretora é a tia Sônia, também irmã da Betinha e lá eles cuidaram do nosso filhão até terminar o Pré III, no final de 2006. Amamos cada professor e cada funcionário daquela EMEI. Ocorre que morávamos no extremo Norte da cidade e a escola fica na Zona Sul; viajávamos dezessete quilômetros até a escola para então irmos ao trabalho. Também passamos a servir o Senhor em uma igreja próxima da EMEI e sentimos a necessidade de mudar de endereço. Era o final de Maio de 2003 quando colocamos diante de Deus essa necessidade. No princípio de Outubro daquele ano, fiz um cartaz de “Vende-se” para nossa casa e pensei em procurar uma casa próxima à escola, mas, antes de afixar o cartaz, disse à Betinha que iria colocar aquilo, novamente, no altar de Deus. Fomos ao culto onde encontrei um irmão que até ali não conhecia e que estava curioso para me conhecer, pois alguém havia lhe falado a meu respeito quando passavam próximos ao bairro em que eu morava.. Apresentamo-nos um ao outro, cordialmente e ele não tinha mais nada a me falar, então lhe disse que pretendia mudar. Seu rosto se iluminou e ele me disse: -Então, compre a minha casa! Ele precisava mudar para outra cidade e Deus direcionou-o a falar comigo. Quando visitamos a casa passamos por todos os cômodos e, ao sair, perguntei a Bete sobre o piso, que eu não tinha prestado atenção. Ela também não reparara. E o forro? Idem! É de pasmar. Uma mulher entra na casa que pretende comprar e não percebe detalhes! Acontece que, quando entramos naquela casa, já sentimos que seria nossa. Não houve a preocupação de olhar os detalhes. Só Deus para fazer isso! Para
comprar aquela casa, teríamos que vender a nossa e no bairro em
que morávamos haviam muitas casas à venda. No dia cinco
de novembro, passado um mês sem conseguir vender, coloquei o problema
diante de Deus. Se eu não negociasse a casa até o dia catorze
abriria mão da outra, pois o irmão Aristides tinha pressa
em viajar. De posse do dinheiro comprei a nova casa. A cem metros do portão da EMEI e a duzentos metros do templo da Igreja e a apenas quatro quilômetros do meu trabalho. Mudamos no dia 25 de Janeiro de 2004 e desde então o consumo de combustíveis e demais despesas com o carro caíram vertiginosamente, além de eu estar morando em um lugar bem melhor, em casa mais ampla e gostosa. Hoje o Samuel já tem sete anos. É um menino de oração. Inteligente, estudioso, amoroso, conhecedor da Palavra de Deus. Tem nos dado grandes alegrias e é uma experiência maravilhosa em nossas vidas. Ele canta no Coral Infantil desde 2004 e aprende a tocar teclado desde Maio de 2006. Eu ainda mantenho vínculo com o Esquadrão da Vida, onde dou o meu testemunho e falo da obra de Deus aos internos e o Samuel é o meu companheiro constante. Frequenta aquela casa comigo desde que aprendeu a andar sozinho. Acho que vou parar por aqui para não esticar demais a história, mas, se você precisar, conte comigo. Terei prazer em orar com você e em auxiliar no que for possível.
—
Na voz do Regente Daniel Barbosa Alves Preciosa
Graça de Jesus, que um dia me salvou. A
Graça, então, meu coração, do medo libertou! Promessas
deu-me o Salvador, e nele eu posso crer! Perigos
mil, atravessei. A Graça me valeu.
— I Crônicas 16:8-36 Louvai
ao Senhor, invocai o seu nome, fazei conhecidas as suas obras entre os
povos. Cantai-lhe, salmodiai-lhe, atentamente falai de todas as suas maravilhas.
Gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o coração dos que
buscam ao Senhor. Buscai ao Senhor e a sua força; buscai a sua
face continuamente. Lembrai-vos das maravilhas que fez, de seus prodígios,
e dos juízos da sua boca; Vós, semente de Israel, seus servos,
vós, filhos de Jacó, seus escolhidos. Ao
Senhor seja toda a honra e toda a glória para sempre!
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