RELATO DE VIAGEM
CHILE E ARGENTINA
16/10 a 04/11/2007

by Edna & Sergio

Participantes:
Anderson e Maria Helena
Ari e Sanae
Arruda e Cecília
Artur e Belinha
Caetano e Maria Alice
Fernando
Hélio e Cecília
Josefina
Júlio
Luiz e Alaide
Maria Eulina
Marcos e Alair
Mathias e Gláucia
Miguel e Regina
Pereira e Isolina
Raimundo e Cleonice
Sergio e Edna


16/10 (3ª feira) - Chegada, bem cedo, ao Aeroporto de Cumbica. Encontro com Ana Lúcia que nos brindou com uma surpresa - uma noite no Café Tortoni, com direito ao show, dias antes do nosso retorno ao Brasil.
O avião da Lan Airlines partiu no horário e chegou cedo - fuso de menos 1h. Duração do vôo 4h.
Cruzamos os Andes para chegar a Santiago. Foi uma experiência incrível. Altos picos nevados vistos do alto em grande extensão, a perder de vista. Lindíssimos.
Aterrizagem no Aeroporto Santiago - fora da cidade. Enfrentamos longas filas no serviço de imigração. O guia nos esperava. Aldo Diaz Colpo, muito simpático e culto, chileno, há 20 anos ciceroneando turistas de todo o mundo, que por seus méritos passou a ser chefe de treinamento para os novos guias da sua agência.
O caminho para a cidade, cercada de montanhas, algumas com neve, contorna um rio canalizado, largo, com cerca de 4 km de túnel sob o rio. Águas claras, típicas do degelo.
A cidade é plana, com planta quadrada e grande extensão territorial. Muitas flores, muitos parques e jardins. Aldo nos falou em pouco sobre o Chile: 4270 km de comprimento, tem a forma de um sabre. Possui largura máxima de 350 km e mínima de 90 km. São 13 climas diferentes, que variam do deserto mais seco do planeta, ao frio e gelo do polo sul. Em um dos lados, os Andes com seus picos nevados. Do outro, o oceano Pacífico. Uma pessoa pode esquiar pela manhã e ir a praia à tarde.
O Chile tem cerca de 15.000.000 de habitantes, sendo 6.000.000 em Santiago. Santiago está situada a 550 m acima do nível do mar.
Os bancos abrem às 9h e fecham às 14h. O comércio abre às 10h e fecha para a siesta, reabrindo mais tarde, até a noite. Clareia muito cedo, às 5h, mas o sol só aparece às 7h quando supera a alta barreira das montanhas. Escurece só após as 21h30min.
Faz sol e calor. O Hotel Torremayor fica no bairro da Providência, um dos melhores da cidade. Acomodações muito boas. A água da torneira é muito gelada. Passeamos pelas proximidades do hotel. Ruas e avenidas largas, calçadas amplas, muitas árvores (plátanos orientais) e bancos para descansar. No horário de pico abserva-se grande movimento, com enorme quantidade de ônibus novos (brasileiros), muitos bi-articulados, que trafegam em alta velocidade.
Muitos carros japoneses nas ruas, relativamente baratos, raras motos ou bicicletas. Cidade limpíssima. Segura. Tomamos chope em bar com mesas na calçada (Av. 11 de setembro), com direito a cantor itinerante; destaque para as jarras com 2 litros de chope! Jantamos todos juntos no ótimo e caríssimo Restaurante Mare Nostrum, que pelo menos oferecia traslado de ida e volta.

17/10 (4ª feira) - Saímos para o City Tour. Dia ensolarado e quente. Aldo nos conta algumas curiosidades linguísticas: lolitos e lolitas (meninos e meninas), lolos e lolas (rapazes e garotas), lolossauros (adultos), lolamento (idosos), pololo (namorado), pololar (namorar), e delicadamente acrescentou: mamão (orgão sexual feminino), colher (sexo oral). Orienta para se pedir cucharas (colheres) e não pedir mamão (nem existe no Chile). É feio! Orientação valiosa, mas pouco aproveitável para o grupo. O Rio Mapocho corta a cidade. Os mapuches são a gente da terra (indígenas).
O Chile sofre de 10 a 15 tremores diários e um grande terremoto a cada 10 anos. Tem cerca de 2.300 vulcões, muitos em atividade frequente.
O ensino, com período integral, das 8h às 16h30 min, é obrigatório e gratuito até o 2º grau (7 anos). As universidades são pagas. Não há criança nas ruas, são raros os mendigos ou moradores de rua.
O país tem raizes fortemente católicas e foi o último do mundo a aceitar o divórcio.
O metrô de Santiago é o único no mundo sobre pneus.
O ônibus segue na margem do rio, cercado de jardins, flores e fontes. Muitos parques, prédios mais baixos - prédio mais alto com 40 andares. Cruzamos a Estrada Panamericana, com 27.000 km de extensão, do Alasca a Patagônia.
Paramos no Palácio de La Moneda, sede do governo. Não é a residência do presidente. Ampla praça cercada de bandeiras nacionais hasteadas. Segundo Aldo todas as famílias chilenas são obrigadas a possuir uma bandeira e expô-la na janela no dia da pátria.

Paramos novamente na Plaza da Armas (equivalente à nossa Praça da Sé), com o mapa da cidade e o marco zero. Enorme catedral, de 1776, lindíssima, com riquíssimo altar de prata. Destaque para o grande número de cachorros grandes, soltos nas ruas.
Fomos para o Parque Metropolitano, onde subimos o Cerro San Cristobal, com 880 m de altura (300 acima de Santiago), que fica no coração da cidade.

São 5 km de subida até o mirante. Para os mapuches é um Tupahue - lugar sagrado. No local grande quantidade da flor dedal de ouro, trazida na época da migração alemã. Essa flor está plantada praticamente em todas as margens das estradas.
Um ambulante oferecia lindas pulseiras e logo apareceram policiais para impedir o comércio. Foi uma das raríssimas vezes que encontramos policiais.
No retorno do passeio, a maioria resolveu descer, passear e almoçar em um dos maiores shoppings de Santiago.
Em seguida, passeio na vinícola Concha y Toro. No caminho, a estrada era margeada pelo Dedal de Ouro e muito movimentada. Atravessamos muitos rios largos, com água cinza claro, oriunda de degelo. Na vinícola, jardins com cercas vivas floridas, com flores brancas miúdas em galhos. Fomos recepcionados por uma bonita jovem que nos encaminhou ao 1º local de degustação. Recebemos grandes taças, servidas com vinho branco. Atravessamos um "túnel" de trepadeiras e chegamos à grande casa principal, palacete com mais de 20 quartos, construído e mobiliado com material importado da França, cercada de imponentes jardins e lagos.
Foi servida a 2ª rodada de vinho, desta vez tinto. Visitamos as vinícolas. Solo agreste, cheio de pedras e irrigação por gotejameno. Segundo nossa guia, quanto pior e pobre o solo, melhor a uva e o vinho. No início de cada série de videiras, está plantada uma roseira. Trata-se de costume típico europeu para identificar pragas. Hoje o costume é mantido, embora a roseira não tenha mais essa função.
Entramos nas adegas com centenas de tonéis de carvalho. A temperatura é bem fria. Nossa guia nos conta a lenda do Casillero (adega) Del Diablo: devido à grande quantidade de roubos de garrafas de vinho espalhou-se a lenda de que a adega era guardada pelo diabo.
Descemos até a entrada do Casillero Del Diablo: escura, com tonéis mais antigos e alguns homens trabalhando. Uma gravação conta a história. Caminhamos na semi-escuridão entre os tonéis a procura do diabo e o encontramos: atrás de uma grade, cercado de velhíssimas e empoeiradas garrafas de vinho, lá estava ele, no final do corredor, uma imagem vermelha, projetada!
Saindo da adega nos foi servido o vinho Casillero Del Diablo. Ótimo!
A seguir fomos para a loja. Felicidade geral. Vinhos (lógico), roupas, objetos diversos. Um pouco de tudo. As grandes taças onde nos serviram os vinhos, vieram de lembrança.
À noite fomos ao Restaurante Polinésio Bali Hai. Na entrada, estátuas de Moais. Dentro, lotado de turistas. Decoração carregada e exagerada. Recepção com colar de flores. Na 1ª parte foram apresentadas músicas e danças típicas chilenas. Na 2ª parte os dançarinos apresentaram a música e dança da Ilha de Páscoa. Belo show. Comida ruinzinha!

18/10 (5ª feira) - Saímos para Valparaiso, no litoral, distante 118 km de Santiago e ao lado de Viña Del Mar.
A estrada desce suavemente e cruza 5 vales entre as montanhas. Passamos pelo Santuário Le Vasques, Igreja de Peregrinação. Anualmente 600.000 pessoas dirigem-se a pé para a Igreja da Imaculada Conceição.
Aldo aproveita o tempo e nos informa que "alpinista" é quem escala os Alpes, na Europa. No Chile, são "andinistas"! Deserto de Atacama - muito bonito - tem o Vale da Lua, com colunas de sal, o vale de Marte com canyon vermelho e geigers. São 4.370 geigers. Floresce anualmente. O maior produto de exportação do Chile é o cobre, que representa 30% da economia do país. O cobre, na pedra, possui cor verde esmeralda.
A serra é coberta de mata rala. Destacam-se os alerces, árvore nacional do Chile, muito antigas, algumas com mais de 3.000 anos.
Chegamos em Valparaiso às 11h30min. Tempo encoberto e frio.
Valparaiso foi fundada em 1.533 e é considerada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. As casas, de madeira pintadas com muitas cores, sobem as montanhas. 90% da cidade está nos morros. O Congresso Nacional do Chile tem sede nessa cidade! Paramos rapidamente em uma grande e bonita praça e seguimos para a região do porto. No mirante, pouco a ser visto por causa da garoa e da neblina, com muito comércio nas proximidades. Trata-se de um dos maiores e mais importantes portos do Oceano Pacífico.
Seguimos em direção a Viña Del Mar, La Ciudad Jardin e importante balneário turístico. É dois séculos mais nova que Valparaiso e mais plana e moderna também. A Avenida beira mar chama-se Avenida Brasil. Possui praias de areias amarelas, ao contrário do sul do Chile que são pretas.
Visitamos o Relógio de Flores. Pausa para muitas fotos. Conhecemos o OMBU, arbusto grande de tronco muito largo, que parece uma árvore baixa. Atravessamos o Rio Margamarga, bem largo e com corredeiras. O tempo melhorou.
Muitos prédios à beira-mar, construídos sobre a praia. Viña Del Mar, como indica o nome era plantação de vinhas. Ao lado um museu de canhões navais. O prédio do Cassino, antigo, tem 13 degraus. Percorremos a avenida ao longo da praia. Algumas praias são muito bonitas e em outras as ondas batem nos morros. Fomos até a praia de Reñaca, muito famosa e badalada.
Nesse local observam-se prédios típicos, construídos na encosta do morro, com elevadores inclinados.
Almoçamos no Restaurante Delícias Del Mar, em frente ao Oceano Pacífico. Em nossa homenagem, hastearam em monumento na praia a nossa bandeira. Um pouco distante havia um agrupamento de pedras sobre a praia com muitos leões marinhos.
No retorno, paramos no Museu Fonck, que tem no jardim o único Moai original fora da Ilha de Páscoa.
Ao chegar a Santiago, parados no farol, observamos do ônibus um homem com comportamento estranho. Saiu de trás de uma moita. Vestia uma espécie de avental sobre o corpo nu, mostrando o bundão, o que causou grande constrangimento em Aldo.
À noite jantamos no Louisianna Bar. Muito bom!
No dia seguinte viajaríamos para Port Montt, de avião. Aldo nos orientou: saída às 11h do hotel, viagem de 1h40min, partida do avião às 13h20min e chegada às 15h.

19/10 (6ª feira) - Saímos às 11h do hotel. No ônibus fizemos homenagem a Aldo, cantando em coro. Aldo, emocionado, cantou também uma música típica.
Mas a surpresa nos esperava no aeroporto: o avião só sairia às 15h15min, com parada em Conception. Só chegamos em Port Montt às 18h10min. O avião teve problemas para levantar vôo e atrasou. Duas jovens e inexperientes guias nos esperavam. Chove e faz frio. Vamos de ônibus até o porto (meia hora) cruzando a cidade de cerca de 150.000 habitantes, muitas casas de madeira colorida sobre colinas, estrada ladeada por tapetes de flores amarelas.
Chegamos ao navio Skorpius II, de porte médio, muito agradável. Seremos somente 57 passageiros mas só nós chegamos. As cabines e os demais ambientes são muito confortáveis. Fomos recepcionados com coquetel no convés. O jantar foi ótimo. Quase todos os serviçais do navio são homens! A cabine do capitão fica permanentemente aberta aos passageiros e tem 4 cadeiras para os observadores. Têm duas médicas, únicas mulheres. O navio conta somente com comunicação por rádio. Não tem TV nem telefone. Afinal iremos quase até o fim do mundo!

20/10 (sábado) - Após recepcionar os demais passageiros, recebemos do Capitão diversas informações sobre a viagem: serão 1.500 km ou 8oo milhas marítimas, viajando entre as centenas de ilhas que compõem a costa do Chile. Portanto a viagem será tranquila, exceto no Golfo Corcovado onde enfrentaremos mar aberto. A maioria dos passageiros é brasileira, há um grupo grande de simpáticos australianos, alguns poucos mexicanos, alemães e chilenos.
Saímos pontualmente às 11h45min e às 14h passamos pela cidade de Ancud, com mais de 20.000 habitantes. Um pouco mais tarde o navio fez uma parada não programada na Ilha de Caguache, onde o capitão foi entregar o sino do campanário da igreja, que tinha levado para consertar. Pequena vila, de casas de madeira, ruas gramadas, grande praça central, solo de areia típico de vulcão, com população indígena de aparência saudável e alegre. Para o pequeno tamanho da vila, impressiona o grande prédio da escola e mais ainda, a enorme igreja de madeira alerce (tombada pelo patrimônio histórico, como todas as demais da região) com uma grande escultura entalhada de Jesus. O conjunto tem mais de 300 anos.

21/10 (domingo) - Chegada, às 10h30min a Puerto Aguirre, ilha com três pequenas vilas, mas com telefones públicos e internet no grande prédio da escola. A região é habitada pelos índios mapuches. As crianças da região aguardam os passageiros do navio para servir de guias. Fomos orientados a não pagar com dinheiro, mas comprar doces ou presentes para elas. As crianças levaram os turistas para a escola, onde fizeram uma apresentação, vestidas com bonitas roupas típicas, e também à igreja.
Chove e faz frio, mas alguns colegas subiram o morro até o mirante.
Todas as ilhas são vulcânicas e de solo negro. O mar é cinza e às vezes negro.
No almoço comemos "Curanto", prato típico local com costeleta, frango, salsicha, linguiça, batatas e grande quantidade de frutos do mar, inclusive mexilhões e mariscos nas conchas. Muito bom.
Todo dia servem uma marca de vinho chileno diferente. E ótimas sobremesas.
Existem dois salões (fumantes e não fumantes) com um bar em cada um. Antes do almoço servem uma enorme variedade de aperitivos, com muito pisco! Juan, o barman, fez muito sucesso com todo nosso grupo. À tardinha cruzamos canais cercados por altíssimos picos nevados.
Tivemos uma palestra sobre o Glaciar San Rafael, nosso destino: está perdendo cerca de 100 m de extensão ao ano. Entre os anos 60 e 90 perdeu 3 km de extensão. Foi formado há cerca de 15.000 anos, tem 15 km de comprimento e na descida transporta rochas e areias. Situa-se no "Campo de Gelo Norte". Tem 1.400 m de espessura. Nasce há mais de 4.000 m de altura e sua desembocadura possui 2.250 m de largura e de 50 a 60 m de altura. A profundidade no local é de 240 m. Situa-se em uma laguna cuja entrada está a 12 km de distância do glaciar.
O Glaciar San Rafael está na mesma latitude de Paris, porém ao sul.
Quando há sol o gelo é branco. Quando há neblina é azul e alguns icebergs são negros por carregar sedimentos. A previsão do tempo é pouca chuva, mais chuva, pouco frio ou mais frio!
O navio poderá aproximar-se no máximo a 1 km da parede do glaciar e os botes a 500 m.
O navio aproxima-se da entrada da laguna e permanece fundeado à noite. Após o jantar tivemos um animado baile.

22/10 (2ª feira) - Garoa, tem neblina e o barco joga bastante. Às 9h entra na laguna e às 9h30min para a 3 km do glaciar. A temperatura está entre 6º e 7º, mas a sensação é de muito frio.
A imagem do glaciar é impresionante! Às 10h30min saímos em dois barquinhos para chegar até a 500 m da barreira. Fizemos 3 horas de passeio navegando no meio de icebergs de muitos tons de azul, branco e negro. Alguns mais altos que os botes.
À medida que nos aproximamos do paredão de gelo, parece que estamos "on the rocks", disputando um espaço no gelo. Os barcos seguem em frente abrindo caminho no meio dos icebergs. O barco para ao lado de um iceberg alto, transparente e azul e o imediato quebra uma grande pedra para servir o uisque. Recebemos copos, gelo de 15000 anos e uisque 12 anos para brindar! Maravilhoso, emocionante!
Após o retorno foi servido o almoço e às 15h30min o navio reiniciou a navegação em direção ao glaciar. A sensação de navegar no meio dos icebergs é emocionante. Posamos para fotos com o glaciar ao fundo! Aliás, muitas fotos!
Às 17h o navio iniciou a viagem de retorno, em direção a Quitralco.

23/10 (3ª feira) - Chegada de madrugada ao Fiorde Quitralco. Para variar garoa e frio.
Lugar lindo, situado em uma lagoa espelhada, com mata debruçando-se sobre o mar, e, lógico, com muitos e grandes cachorros. Saímos às 10h para excursão em dois botes a motor pelos fiordes. Vimos uma foca e chegamos muito perto de uma fazenda de criação de salmão (aliás, vimos muitas delas ao longo do percurso, mas à distância).
Quitralco é um recanto paradisíaco, dos mesmos donos do Skorpius, com piscinas termais cobertas e ao ar livre, bonitos jardins, pier com calçadão e bancos, mirante a 500 m de altura, pequena praia. Pena que o tempo não ajudou!
Depois de tantos dias comendo todo tipo de frutos do mar, inclusive o grande caranguejo centolla, almoçamos churrasco! Ótimo!
Muitos colegas curtiram a piscina (37º), as caminhadas e até a subida ao mirante.
O navio zarpou às 18h e uma hora depois foi anunciada a chegada à Cachoeira Quitralco. Trata-se de alta queda d´água, caindo da montanha. A proa do navio vai se aproximando devagar, de frente, até literalmente encostar na cachoeira (no local a profundidade é de 40 m). Assustador e emocionante molhar a mão na cachoeira, estendida da proa do navio!

24/10 (4ª feira) - Manhã de sol e céu azul! O navio atravessa o Golfo Corcovado, onde o Pacífico entra revolto e com fúria. O barco joga bastante. Navegamos a muitos quilômetros da costa e das ilhas mas atravessamos uma impresionante revoada de muitos pássaros grandes, escuros e de algumas gaivotas.
O Golfo Corcovado deixou a maioria do pessoal bem mal (na ida, a travessia ocorreu à noite).
De repente o tempo mudou e voltam a chuva e o frio. Estamos navegando em águas calmas, contornando a grande Ilha de Chiloé.
Desembarcamos em Queilen, uma pequena cidade plana, bem estruturada, com ruas calçadas, casas de madeira pintadas com muitas cores e uma linda praça ajardinada, muito bem cuidada. Grandes cachorros por toda parte.
Sol, chuva, vento forte e gelado. Como disse o imediato do navio o dia de hoje seria - "depende".
Seguimos viagem e chegamos à noite à cidade de Castro, situada em Chiloé, onde o navio permanece fundeado. A ilha Grande de Chiloé é considerada a 3ª maior ilha da América do Sul. As outras duas são a Terra Del Fuego e Marajó. O arquipélago de Chiloé tem 170.000 habitantes e é cortado pela Estrada Panamericana (Alasca ao Chile). Tem cerca de 40 ilhas.
Castro é a 3ª cidade do Chile. Tem muitas casas em palafita pois a maré chega subir até 8 m, chegando a mudar mapas. Grande comércio, fazendas de criação e fábricas para armazenamento e congelamento dos salmões e mexilhões. Do lado do Oceano Pacífico tem um grande porto para exportação do salmão, inclusive para o Japão.

25/10 (5ª feira) - Choveu a noite toda e a manhã está fria com um pouco de sol. Desembarcamos em Castro às 10h e retornamos às 12h30min. O grupo se dispersou, cada um fazendo um passeio diferente.
A cidade, apesar de ser comercial e grande é montanhosa, pobre, lugares sujos, muitas agências bancárias no centro, algumas lojas luxuosas, muitas casas em madeira. Sem mendigos, pedintes ou crianças de rua!
A igreja matriz, magnífica, toda esculpida em madeira, inclusive as colunas, enfeites e imagens é dedicada a São Francisco. Também pertence ao grupo de igrejas que são patrimônio da humanidade.
No retorno ao navio fizemos poses em grupo para a foto de despedida, retornando a navegação rumo a Port Montt.
À noite tivemos a festa de despedida a bordo, com todos vestidos com roupas de gala. Muito chiques.
Mas, a maior surpresa foi a belíssima mesa de refeições, decorada com pratos diversos e arranjos especiais. Quanta coisa gostosa!
Sergio havia preparado um desenho com as bandeiras do Chile e do Brasil e fez, em nome do grupo, agradecimentos ao Capitão e à toda simpaticíssima equipe do navio.
Os australianos se entusiasmaram e resolveram "cantar" em coro uma música típica. Foi tudo muito bom e divertido.

26/10 (sexta-feira) - Desembarque em Puerto Montt, após o café. Sete noites no navio, longe do mundo. Muito bom! Começava outra etapa da viagem, agora sem a companhia da Josefina e do Fernando, que dali retornaram ao Brasil, não sem antes criarem uma pequena confusão. As bagagens deles, por engano, foram colocadas no ônibus em que nós estávamos. Correria, comunicação com o ônibus (ainda bem que tinha) e a parada para aguardá-los para que pegassem as bagagens de volta. No final tudo em ordem. Geraldo, nosso novo guia, nos acompanhou até Puerto Varas.
Iniciou com um City Tour em Puerto Montt, informando que, no sul do Chile chove cerca de 230 dias por ano. Mas hoje faz frio e muito sol. Puerto Montt situa-se a 1050 km ao sul de Santiago e é o principal porto de mar da região. Tem 200.000 habitantes. É uma cidade grande, limpa, com muitos prédios altos.
Fomos até uma praça, em frente a Igreja Matriz, que possui um chafariz muito original: um pequeno poço sem limites, que afunda aos poucos, cercado apenas por algus holofotes.
A igreja, conhecida como Catedral de Cobre é belíssima. Construída em madeira alerce recoberta de cobre, é uma construção no estilo grego com 12 colunas, encimada por um frontão triangular. Geraldo fez uma exposição filosófica sobre os símbolos da igreja, muito interessante.
Saímos para Puerto Varas, situada à beira do Lago Llanquihue, a 20 minutos de distância.
As margens da estrada são forradas com um tapete de belas flores amarelas, uma praga, segundo Geraldo, trazida pelos alemães que colonizaram a região, para servir de cerca viva.
O Lago Llanquihue é o maior do Chile, e suas águas são puras e transparentes. Forma ondas de até 2 m e tem até 350 m de profundidade. Para lá são levados os alevinos de salmão por caminhões transportadores especiais. Os pequenos peixes já formados são pescados com rede e transportados para as fazendas de engorda, no mar.
A cidade é pequena, com 30.000 habitantes, muitas construções em madeira, sempre coloridas. Bom e variado comércio.
Almoçamos no restaurante Fogón-Las Buenas Brasas e passeamos a pé pela cidade visitando uma grande praça com uma gruta de Nossa Senhora situada aos pés da igreja que fica no alto do morro. Só conseguimos entrar na igreja porque estava havendo uma cerimônia fúnebre com corpo presente!
O grupo se dispersou durante o passeio. Uma parte foi diretamente ao hotel com o ônibus. Nós fomos a pé com outro grupo, caminhando cerca de 800 m pela calçada que circunda o lago.
O Hotel Los Alerces, de frente para o lago, é todo construído em madeira, em meio a jardins floridos. O quarto do hotel é muito refinado com detalhes bordados nas fronhas, na cortina do branheiro e até no cesto de papéis. As janelas permitem a visão do lago em frente e ao lado do bosque onde grandes pássaros barulhentos gritam muito. Só não vimos o célebre Vulcão Osorno porque o tempo estava encoberto. O hotel tem muitas salas com decorações diferenciadas, muito bonitas e aconchegantes.

27/10 (sábado) - Saída, após o café, para Peulla, em ônibus. Chove! Nosso guia agora é o Michelângelo. A estrada margeia o lago e lindas fazendas com construções em estilo alemão. Muitos carneiros, ovelhas, extensos gramados. O lago está bastante agitado, com ondas. No lago, além dos salmões, tem trutas e congrios.
Entramos no Parque Nacional Vicente Perez Rosales. O guia explica que o Chile não tem animais venenosos. Lá vive uma grande aranha caranguejeira, sem veneno, muito utilizada pelos americanos em seus filmes.
Piadista, o guia explica que o motorista tem sangue argentino: no parachoques e nos pneus. Descobrimos o nome das flores amarelas que viraram praga no Chile: chakai. Vimos o vulcão Osorno com neve no topo, na beira do lago. Parou a chuva.
Paramos para visitar os saltos do Rio Petrohue. Andamos muito sobre passarelas de madeira: o rio é largo, cor verde esmeralda, com muitas quedas de água e corredeiras. Muito bonito.
Voltamos ao ônibus e durante os 10 minutos seguintes a estrada acompanha o rio Petrohue, que corre rápido, ora largo com muitas pedras, ora estreito com corredeiras.
Às 10h45min chegamos ao porto de embarque no 1º catamarã para travessia dos lagos andinos. São dois andares, com capacidade para 380 pessoas, lotado. Atravessa o Lago de Todos los Santos em 1h45min. A cor do lago é azul escura e as águas são extremamente geladas. O lago é cercado de altas montanhas nevadas com muitas cascatas.
Desembarcamos em Peulla, em pequeno pier de madeira, ao lado de uma grande cascata. Estamos em plena Cordilheira dos Andes, como consta na placa de informações. Peulla é uma pequena ilha com dois grandes hotéis e 150 habitantes. Algumas residências, um armazém e uma escola.
Uma central de ecoturismo com garagem para 3 caminhões típicos, abertos, com caveira de boi no parachoque, que leva o pessoal para rapel, tirolesa e outros esportes radicais.
O Hotel Peulla, onde ficamos, tem 72 apartamentos em 3 andares, amplo salão de estar com grande e antigo aquecedor a lenha, bar e bonita decoração. Quarto amplo, comida ótima.

O tempo limpou, faz sol e passeamos muito. Os jardins são lindos, com árvores gigantescas e muitas flores. Muitas trilhas pela mata, Cascata do Véu da Noiva, com cerca de 300 m de queda d´água.
No barco, a guia nos contou a lenda do Trauco, ser deformado que conquista todas as mulheres à noite. À noite foi difícil segurar a mulherada que queria, a qualquer custo, conhecer o Trauco.

28/10 (domingo) - Garoa e frio. Começou o dia mais difícil da nossa viagem!
Saímos do hotel em 3 pequenos ônibus. A estrada que cruza os Andes é estreita, coberta com pedregulhos. Muito confortável!? Parece liquidificador! Saímos às 10h45min e paramos 2 minutos depois no Posto de Migração. Muita fila e burocracia.
Estamos a 150 m de altitude e subiremos a pouco mais de 1.000 m. A "estrada" é uma antiga trilha aberta por jesuitas em 1.600. Cruzamos montanhas com muitas cachoeiras, imensos vales abertos, pinguelas, florestas e muitas, muitas pedras. Na altura do km 72 cruzamos a fronteira: florestas cobertas de neve. Paramos e rapidamente alguns colegas foram regar as plantas para comemorar.
Nos divertimos muito com a neve congelada. Deixamos o Parque Vicente Peres Rosales, no Chile e entramos no Parque Nauhel Huapi, na Argentina. Nova parada, rápida, para controle da aduana. Chegamos em Laguna Frias às 13h. Chove muito! Nova fila na alfândega argentina, mais carimbos.
O catamarã é pequeno, para 90 pessoas. Nossas pobres bagagens estão sendo embarcadas na chuva. O local para café é mínimo e não temos onde nos abrigar até o embarque. Embarcamos no catamarã somente às 14h. Às 14h40 min chegamos em Puerto Alegre. As águas da laguna têm cor verde esmeralda.
Mais um pequeno trecho de ônibus até Puerto Blest, que pelo menos tem restaurante, toaletes decentes e salões de espera, com muita gente esperando o embarque. Provavelmente, com sol, deve ser um lugar muito bonito, pois é um ponto turístico muito procurado. Mas, com chuva forte nada vimos, além das montanhas e do lago, onde um enorme catamarã de luxo está aportado.
Embarcamos no catamarã (grande, espaçoso, confortável, com bar e deck) às 17h10min e menos de 5 minutos depois aportamos para visitar imponente cascata Cântaros. Todos são convidados a sair e caminhar até a cascata. Parte do grupo, os mais corajosos, munidos de capa e guarda-chuva, aventurou-se pelas trilhas, subindo a montanha por escadas. Disseram que valeu a pena pois o local é muito bonito. A maior parte do grupo permaneceu no catamarã descansando, conversando e tomando choconhaque (bebida ótima para esquentar). Com o retorno do pessoal, nova partida às 18h25min, para onde? Puerto Blest novamente, onde permanecemos mais uns 40 minutos para embarque de mais passageiros!
Aí, pela 3ªvez, partimos novamente às 18h55min para Puerto Pañuelo.
A guia do cruzeiro, Patrícia, nos informou que estávamos navegando pelo lago Nahual Huapi, o maior lago argentino, com 55.000 m² de extensão e até 454 m de profundidade.
No deck do catamarã as pessoas podiam dar comida a grandes gaivotas que voavam e pegavam as bolachas das mãos estendidas. Só que continuava chovendo e foram poucos os aventureiros que se arriscaram. A paisagem em torno do lago é muito bonita, com altas montanhas, picos nevados e cascatas.
Chegamos em Puerto Pañuelo às 20h. Ainda está claro e chovendo. Pegamos o ônibus para San Carlos de Bariloche, mas nossa odisséia ainda não tinha terminado.
A guia receptiva, Augustina, nos levou até a Estação Rodoviária para reconhecer e retirar as bagagens, já bem maltratadas com tantos embarques e desembarques.
Tudo resolvido, finalmente chegamos ao Nahuel Huapi Hotel às 21h40min, no centro de Bariloche.
Comentamos a nossa travessia dos Andes, realmente foi uma odisséia. Mas o grupo ri e se diverte com tudo e apesar de tudo. Seria um belo passeio em um dia sem chuva, mas que pouco pudemos aproveitar.

29/10 (2ª feira) - O hotel é bonito, moderno e confortável. Temos finalmente um belo dia de sol apesar do frio de 5º. Após o café, Melina, nossa simpática guia local, veio nos buscar para fazer o Circuito Chico. Enquanto rodamos pela cidade ela nos contou que Bariloche tem cerca de 150.000 habitantes. A cidade está repleta de jovens vestibulandos em férias. O Circuito Chico tem 65 km de percurso.
Bariloche situa-se em frente ao Lago Nahuel Huapi, que tem 354 km de contorno. 80% da economia local é gerada pelo turismo, que dispõe de 20.000 leitos para 900.000 turistas por ano. 20% da economia é derivada da pesquisa científica medicinal.
Passamos por muitos locais como: Playa Bonita (se aqulo é praia...), Lago Moreno, Vale do Sol e outros. Fomos ao Cerro Campanário, de 1.050 m de altitude. Subimos de teleférico até o topo (350 m de percurso). A paisagem que se descortina do local é deslumbrante, dos lagos e das montanhas nevadas que rodeiam a cidade.
No retorno paramos na Factoria de Rosa Mosqueta, onde compramos óleos e cremes. Na estrada, muitas casas de madeira, grandes e bonitas. Paramos também na Capilla San Eduardo, igreja em madeira alerce e pedras. Estava fechada. Da frente da capela avista-se o Hotel Llao Llao (pronuncia-se chau chau), o maior e mais caro hotel da região. Melina nos alertou sobre os cachorros da raça São Bernardo que encontramos no local e em todos os cantos de Bariloche. Eles posam para fotografias mediante pagamento. Os turistas não devem fotografá-los, pois os donos reclamam. Lá estavam Nahuel y Barx (pai e filho), dois besíssimos São Bernardo com quem muitos do grupo fizeram fotos, tendo ao fundo o chiquérrimo Llao Llao.
Paramos em ponto panorâmico na estrada onde fizemos fotos do grupo e homenageamos Melina cantando, em coro, Carinhoso, puxado pelo Anderson, Caetano e Sergio.
No retorno, tarde livre, grupo escolhendo onde almoçar, descansar, passear, jogar no cassino, percorrer as lojas, fazer compras, visitar museus, andar na calçada do lago e visitar a belíssima Catedral, construída com pedras irregulares.
Orientados por Melina, fomos alugar roupas para o passeio no Cerro Catedral, no dia seguinte.

30/10 (3ª feira) - Após o café tomamos o ônibus para o Cerro Catedral. Orientados por Melina, estávamos vestidos a caráter para enfrentar a neve. Parecíamos astronautas. O Cerro Catedral é a estação de esqui mais conhecida de Bariloche. Tem 2.388 m de altitude. Chegamos em sua base, que é um local amplo, plano, com comércio de todo tipo, shopping, cafeteria, bares e restaurantes. Fomos direto à estação do Cable Carril para pegar o bondinho que nos levará até o primeiro refúgio. Saímos escorregando na neve e subimos nas cadeirinhas que nos levariam ao 2º refúgio, no topo da montanha. Ao todo são 3 km de percurso, percorridos em 45 minutos.
O refúgio é uma ampla casa de madeira, com sacadas para apreciar a paisagem, cafeteria e restaurante, semi coberta pela neve que caiu a noite toda. Para entrar foi aberto um corredor de 1,5 m de altura na neve.
Fizemos tudo que tínhamos direito, andar, escorregar e rolar na neve, admirar a paisagem, posar para todos os tipos de fotos, fazer guerra de bolas de neve, montar um boneco e outras coisas.
Após beber mais um choconhaque fizemos o retorno: descida nas cadeirinhas e no bondinho.
Na volta ao hotel, Melina relatou a série de problemas sofridos pelo povo quando neva na região: queda de energia, congelamento dos canos de água, entre outros.
Para os moradores locais a neve é causadora de muitos problemas. Mas,para os turistas de "Brasiloche" é uma alegria!
Após o retorno, dispersão geral do grupo com passeios pela cidade, chocolaterias, lojas com muitos artigos de couro de excelente qualidade, artesanato local.
À noite fomos todos jantar juntos no Restaurante La Marmite.
Comentários: Bariloche é limpíssima, comércio bem estruturado, paisagens de arrasar, sol todos os dias, vento frio, cortante e constante. Sem mendigos, sem vagabundos, sem crianças de rua! Um sossego!

31/10 (4ª feira) - Ninguém quiz fazer os passeios propostos por Melina. Dia livre. Cada grupo foi passear em um canto. Destaque para a praça com os prédios da prefeitura no entorno, a beira do lago e próxima à Playa Bonita! Os prédios são construídos em pedras e madeira, com arquitetura colonial alemã. Na praça uma quantidade enorme de fotógrafos com seus bonitos cães São Bernardo e muitos filhotes para posar para as fotos.
Apesar de separados, quase todo o grupo fez o passeio no Trenzinho Turístico, com percurso pela "verdadeira Bariloche", mostrando as regiões de residência dos moradores locais.

O guia Jorge, que se qualificou como médico e psicólogo, fez um discurso ecoxiita, mostrando o quanto o turismo "prejudica a cidade". Relatou as dificuldades do povo local com o frio e as nevascas (como Melina havia comentado). Analisando a situação em comentários posteriores, concordamos que nosso guia ecoxiita e esquerdista é na verdade um excelente capitalista, pois fatura muito! O passeio terminou em uma fantática fábrica de chocolates! À noite fomos jantar no restaurante Caravela.

01/11 (5ª feira) - Manhã livre para passeios e últimas compras. Às 12 horas Saímos para o aeroporto. O avião sairia às 14h40min. Durante o percurso no ônibus, Melina retribuiu nossa "carinhosa" homenagem, cantando com bela voz o tango Caminito. Almoçamos no aeroporto.
Chegamos em Buenos Aires à 16h40min, desembarcando no Aeroparque (aeroporto local) às margens do Rio da Prata. Faz sol e calor! Nossa guia chama-se Marcela. Ficaremos no Hotel Nagoró, no centro da cidade, perto da Plaza de Mayo e da Calle Florida.
No percurso até o hotel Marcela foi nos mostrando alguns pontos turísticos. E, após 15 dias de tranquilidade tivemos o choque de retorno à "civilização". Trânsito complicado, jardins com moradores de rua dormindo cobertos com papelões, mendigos, crianças de rua, acidente com moto e outras "cositas más", que nos fez sentir em casa, novamente, após uma visita ao paraiso.
Chegamos ao hotel às 18h. Após as acomodações fomos, todos juntos, jantar no Restaurante Estilo Campo, em Puerto Madero, aliás próximo ao hotel, mas de acesso difícil. Comemos muito churrasco, lógico!

02/11 (6ª feira) - Também é feriado em Buenos Aires e a cidade está lotada de turistas. Muito calor, dia lindo, céu intensamente azul.
Após o café, Marcela nos conduziu pra o City Tour. Começamos na Plaza de Mayo, visitando a riquíssima catedral de São Pedro e São Paulo, com altar de prata, muito grande, lindíssimo piso de mosáico e 12 enormes colunas.
Percorremos a praça até a Casa Rosada, cercada por grades e bastante policiada. A Casa que é o Palácio do Governo, foi construída no local de fundação da cidade.
Buenos Aires tem 4 milhões de habitantes e contando a periferia são 12 milhões. Como a Argentina toda tem 40 milhões de habitantes, mais de 1/4 da população concentra-se na região.
Percorremos a cidade, passando por muitas praças e jardins, prédios neoclássicos (o que confere ar europeu à cidade), o Bairro de La Boca, com o estádio do Boca Júnior, o La Bombonera.
Paramos perto do Caminito, ao lado do Rio Riachuelo (o da batalha com o Brasil), largo, navegável, sujo, e que desemboca no Rio da Prata. No local existem muitos navios afundados. No entorno, casas simples e cortiços.

Em Caminito permanecemos por 35 minutos, passeando, fazendo compras, observando as casas multicoloridas, os cantores e dançarimos de tango e os músicos de rua.
Passamos por Puerto Madero, com 5 km de extensão, que demorou 30 anos para ser construído e nunca funcionou. Após abandono por mais de 60 anos, os prédios deteriorados foram recuperados e hoje é um local com restaurantes, bares, discotecas, cinemas, hotéis e escritórios. No porto está atracado o barco escola "Domingos Faustino Sarmiento".
Em frente ao Puerto Madero foi construído recentemente um complexo de trem turístico, que percorre cerca de 10 quadras. Percorremos a região norte da cidade, com suas mansões, Palermo (pulmão verde da cidade com grande parque tipo Ibirapuera, 300 ha, com zoológico e belo jardim japonês), Recoleta, Monumento Evita Peron, Av. 9 de julho (144 m de largura) e o Obelisco. Almoçamos no Brocolino e à tarde dispersão geral para passeios e compras na Calle Florida e Galeria Pacífico.
À noite fomos todos ao Café Tortoni, local histórico e antigo. Prédio bonito com decoração antiga muito elaborada e de bom gosto. No sub solo tem um teatro onde foi exibido um ótimo show de tango, com contexto de peça teatral. Excelentes cantores, bailarinos e conjunto musical contaram a história da origem do tango e seu desenvolvimento até ser aceito como música símbolo nacional.

03/11 (sábado) - Despedimos de Regininha e Miguel que voltaram antecipadamente para o Brasil.
Saímos, após o café, para um passeio turístico ao delta do Rio Paraná. O guia é Mariano. Somos 19 pessoas do grupo, os demais foram ao Jardim Japonês. O ônibus está lotado com outros turistas, todos brasileiros.
O delta do Paraná é formado por três braços principais: Reconquista, Tigre e Loján, além de muitos braços secundários. É um dos raros rios que desembocam em delta, em outro rio. É o 2º delta maior do mundo em tamanho. Fomos até Tigre, cidade a 20 km de Buenos Aires. Passeamos de catamarã por aproximadamente 1h pelos canais. Como nos canais e braços de rio não existem pontes, todos os moradores utilizam barcos para transporte e comércio. Fomos de ônibus até San Izidro e pegamos o Trem da Costa que permite visões de clubes e praias do Rio da Prata.
Após o retorno ao hotel o pessoal se dispersou, para passear e mais compras.

04/11 (domingo) - O longo retorno ao Brasil! Saímos do hotel para o aeroporto de Ezeiza. O avião saiu pontualmente às 10h40min e às 13h descemos em Santiago, após cruzar novamente a belíssima Cordilheira dos Andes.
O avião para São Paulo sairia às 14h40min. Até então não poderíamos ter nenhuma queixa da Lan Airlines. Mas, no Aeroporto de Santiago, eles nos ofereceram um passeio turístico extra. Começamos sendo encaminhados ao portão 18 e nada de avião; daí fomos para o portão 19 A (cadê o avião?); após um período de espera fomos para o portão 17; e após conhecer mais algumas lojas, fomos encaminhados para o portão 10, onde finalmente embarcamos, com uma hora de atraso.
Novamente atravessamos a Cordilheira dos Andes e chegamos a Cumbica, normalmente, sem problemas.

Comentários: Em grupo, somos ótimos. Conosco não há problemas, somente soluções criativas. Nem o cansaço da travessia dos Andes acabou com o humor, como as piadas do Marquinhos e Alaide, muitas cantorias puxadas pelo Anderson e pelo Caetano, as homenagens organizadas pelo Sergio, as risadas da Cecília Arruda.
O destaque especial ficou a cargo do Helio e seu cartão de crédito bloqueado, somente resolvido com a valente ação da esposa Cecilia.